crítica de filme
Eu, você e todos nós (2005)
O filme de Miranda July é autoral. Não tenho muita certeza do que quero dizer com isso, mas tenho essa impressão ao ver na figura de cada personagem uma faceta evidente da roteirista que também é diretora e atriz. July aparece como crianças curiosas, explorando o mundo sensível à sua volta, abertas aos desejos e estranhezas que lhes acometem. July também aparece como adultos machucados, atentos ao mundo sensível à sua volta, carentes e inseguros aos desejos e estranhezas que lhes acometem.
Isso se aplica também ao ambiente seguro do filme. Todos se conhecem, são de alguma forma familiares. Os traumas também são de família, cerceados por um confortável colchão de amor (não romântico) que não os impede de se machucar, mas alivia bastante. Queimar a mão ou morrer sozinho não são problemas que cortam fundo, já que queimar a mão é torná-la sensível ao toque do amor, assim como o amor impede de que estejamos sozinhos afinal. Há amor por todos os lados, sensibilizando todo mundo.
E é isso que pode tornar o filme insuportável para alguns espectadores. Seguros, todos se permitem uma ingenuidade que, se adequada ao universo infanto-juvenil, pode se tornar insólita quando se envolve os "adultos" do filme. Nada é levado às últimas conseqüências, porque seria muito cruel. Mas isso não é a vida, é um filme. Na vida os adultos ingênuos - ou sinceros e sensíveis - sofrem demais e July não quis fazer um filme sobre os sofrimentos da sua vida, mas sua percepção sobre como ela deveria ser. É questão saber se a dela combina com a do espectador.
cinema: Espaço Unibanco
nota: 6,5
O filme de Miranda July é autoral. Não tenho muita certeza do que quero dizer com isso, mas tenho essa impressão ao ver na figura de cada personagem uma faceta evidente da roteirista que também é diretora e atriz. July aparece como crianças curiosas, explorando o mundo sensível à sua volta, abertas aos desejos e estranhezas que lhes acometem. July também aparece como adultos machucados, atentos ao mundo sensível à sua volta, carentes e inseguros aos desejos e estranhezas que lhes acometem.
Isso se aplica também ao ambiente seguro do filme. Todos se conhecem, são de alguma forma familiares. Os traumas também são de família, cerceados por um confortável colchão de amor (não romântico) que não os impede de se machucar, mas alivia bastante. Queimar a mão ou morrer sozinho não são problemas que cortam fundo, já que queimar a mão é torná-la sensível ao toque do amor, assim como o amor impede de que estejamos sozinhos afinal. Há amor por todos os lados, sensibilizando todo mundo.
E é isso que pode tornar o filme insuportável para alguns espectadores. Seguros, todos se permitem uma ingenuidade que, se adequada ao universo infanto-juvenil, pode se tornar insólita quando se envolve os "adultos" do filme. Nada é levado às últimas conseqüências, porque seria muito cruel. Mas isso não é a vida, é um filme. Na vida os adultos ingênuos - ou sinceros e sensíveis - sofrem demais e July não quis fazer um filme sobre os sofrimentos da sua vida, mas sua percepção sobre como ela deveria ser. É questão saber se a dela combina com a do espectador.
cinema: Espaço Unibanco
nota: 6,5