sexta-feira, julho 14, 2006

crítica - Bubble (2005)

crítica de filme

Bubble (2005)

O filme de Steven Soderbergh é uma mostra de que a plastificação do cotidiano não se limita à classe média alta americana. Sua história é sobre os operários de uma fábrica de bonecas que se vêem envolvidos num caso de assassinato, o que pode ser inconveniente, mas ao menos dá aos personagens uma história. Sem isso, a vida passaria a seus olhos como apenas mais uma seqüência de acontecimentos sem intervalos comerciais.
Se o produto de seu trabalho é uma forma de expressar quem você é, ou se isso é uma baboseira filosófica, ao menos em Bubble, essa tese se renova. Aqui confundem-se os olhos inertes das bonecas com os daqueles que as produzem - seja dirigindo o carro, assistindo à TV, ou estirados mortos no chão, Martha, Kyle e Rose não parecem diferenciar se a situação é de intimidade, cansaço ou tensão. Os rostos das bonecas ao menos expressam choro e alegria, mas, convenhamos, não são seus rostos que têm de operar as máquinas.
É um bom filme para nos questionar se o que fazemos é apenas produzir cópias deformadas sobre o que não nos atrevemos ou podemos falar, numa fuga de si, ou se conseguimos, depois dos problemas financeiros, responsabilidades familiares e de nossas próprias angústia, achar um tempo para nós, nesses tempos que, definitivamente, não são pós-modernos.

cinema: Espaço Unibanco
nota: 7,5

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