quinta-feira, setembro 01, 2005

Subterrâneas

19.09.2002

O vagão pára na estação. Metrô. As portas se abrem e todos saem. Menos ela e ele. Ele vai até a saida e a chama, quase implorando:
- Vem, vem!
Ela permanece sentada, angustiadas mãos entre os joelhos. Olhos segurando todos os sentimentos manifestados pelas lágrimas que não saem. Garganta bloqueada pelos dentes cerrados na boca pálida.
O barulho agudo aviso de portas fechando. Violentamente bloqueadas por ele.
- Vamos! – manda implorando. – Vamos! – com menos convicção. – Vamos. – diz para si, enquanto ela se vai, com o metrô.

Luzes e subterrâneas paisagens com o grito do ar se lamentando. Na viagem pela frialidade inorgânica da terra, o verme corta os obscuros túneis, arranhando e machucando. As mãos tensionam, os olhos fraquejam e o bloqueio se rompe. Convulsões e espasmático choro em alta velocidade. O mundo desaba no labirinto. Tristeza e desespero. Dor e sofrimento. Perdidos nas entranhas do mundo.

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