Era uma vez Rodolfo. Certo dia, ele foi comprar uma galinha em uma granja e levou um choque com as condições do lugar e com o abate. Decidiu que iria parar de comer carne. Então, consultou nutricionistas, fez pesquisas em sites e não resistiu à especialidade de porco de sua mãe. Foi quando percebeu que não era uma decisão de contos de fadas: teria que abrir mão de muita coisa.
Na época, ele não conhecia os vegans, com quem mais tarde se identificou. Agora, vegetariano e trabalhando numa manhã recente na Padaria 100% Vegan, ele me explicou algumas das filosofias que compartilha com o movimento. Para ele, a questão está no processo de criação e abate dos animais, algo desumano. No caso de pessoas em lugares isolados, criando seus próprios animais para consumo próprio, não existe problema, na opinião de Rodolfo.
Mas se foi o processo de urbanização que tornou o animal em um fetiche – alienado de seu valor senão o de consumo -, é exatamente esse processo que fornece alternativas. Na nossa região ou adjacências, é possível ser vegetariano ou lacto-vegetariano sem precisar de sacrifícios imensos. É possível tomar o café-da-manhã na recém-inaugurada Padaria 100% Vegan, almoçar em alguns dos Gopala (ou atravessar a Paulista para o Vegacy), tomar um lanche no Sabor Mate, um sorvete de leite de soja na Soroko e terminar a noite na Z Carniceria ou no Espaço Impróprio.
Em essência, o movimento repudia qualquer coisa que atrapalhe o ciclo natural dos animais – como ir ao cinema, pois a película cinematográfica tem componentes animais. É uma filosofia que se realiza principalmente na esfera do mercado, evitando consumir qualquer coisa relacionada a animais, e que divulga informações por meio de livros, revistas, marcas, redes de contato e conferências. Eles também atuam em organizações em defesa dos animais e coletivos.
Tudo isso para comentar a foto acima. Acho que esses stêncils sintetizam um pouco da Augusta – um monte de gente aparentemente diferente, que na verdade fala da mesma coisa. Para mim, o cara pró-libertação animal entende essa militância como uma forma de alcançar uma emancipação muito parecida com a da pessoa que fez o stêncil de resposta. Mas parece que todos estão tão envolvidos em suas próprias prioridades que ignoram o diálogo produtivo que podem travar um com o outro.
Serviço:
Padaria 100% Vegan – Rua Fernando de Albuquerque, 57 (diariamente, das 7h às 22h – exceto feriados) — vegetariano
Gopala Madhava – Rua Antônio Carlos, 413 (almoço: seg. a sex., das 11h30 às 15h; sáb., das 12h às 15h – exceto feriados) — indiano lacto-vegetariano
Gopala Hari - Rua Antônio Carlos, 429 (almoço: seg. a sex., das 11h30 às 15h; sáb., das 12h às 15h / jantar: sex. e sáb., das 19h30 às 22h30) — indiano lacto-vegetariano
Lanchonete e Restaurante Vegacy - Rua Augusta, 2061 (seg. a sáb., das 10h às 22h; dom., das 10h às 16h) — vegetariano
Lanchonete Sabor Mate – Rua Augusta, 1942 (das 8h às 22h) — vegetariano e lacto
Sorveteria Soroko – Rua Augusta, 305 (das 12h às 22h) — tem sorvete de leite de soja
Z Carniceria - Rua Augusta, 934 (ter., qua. e dom., das 19h30 à 1h30; qui. a sáb., das 19h às 3h30) — balada vegetariana
Espaço Impróprio – Rua Dona Antônia de Queiroz, 40 — multi-espaço vegan
Nenhum comentário:
Postar um comentário